Pesquisadora de ‘Vale Tudo’ aponta perigos no rema…

Pesquisadora de ‘Vale Tudo’ aponta perigos no rema…



Desde que foi anunciado como próxima novela das 21h da TV Globo, com previsão de lançamento para março, o remake de Vale Tudo já foi destrinchado em diversos debates em redes sociais, além de ter sua nova escalação criticada e elogiada na mesma proporção. Afinal, a emissora acertou ao reproduzir a trama de 1988, conhecida por carregar o tom do debate ético e político da época? A pesquisadora Ana Paula Gonçalves, especialista no folhetim de Aguinaldo Silva, Gilberto Braga e Leonor Bassères, acaba de lançar o livro O Brasil mostra a sua cara: Vale Tudo, a telenovela que escancarou a elite e a corrupção brasileira (ed. Autografia, 69 reais). Em conversa com o programa semanal da coluna GENTE disponível no canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+ e também na versão podcast no Spotify, a pesquisadora fala sobre os detalhes cruciais da trama, que a seu ver deveriam ser mantidos, além de palpitar sobre o elenco já anunciado. Assista.

SEGREDO DO SUCESSO. “Vale Tudo é muito emblemática não apenas por ter sido a última novela que sofreu censura. A censura acaba no meio de Vale Tudo. Ela tinha uma questão importante: era muito contemporânea, conversava com as pessoas na época, trazia assuntos que estavam nos jornais. Tem mais de 30 anos e marcou toda uma geração”.

NOVELA POLÍTICA. “Vale Tudo escancarava de uma forma didática o que acontecia na realidade no Brasil – com relação à corrupção política, corrupção empresarial, ao racismo. Temas e debates que na época, em 1988, não eram comuns na televisão. Talvez essa escolha (do remake) seja porque esses temas ainda são tão pungentes, tão atuais. Infelizmente o Brasil não mudou tanto. Muitas questões estão ainda por aqui. E a TV Globo acertou em fazer o remake de uma novela contemporânea. Talvez a escolha de Tieta ou Rock Santeiro fossem para um lado mais lúdico, que não leva para o debate social. E a gente tem visto nas novelas atuais, como Vai na Fé, o que tem funcionado: as temáticas atuais. Vale Tudo é lembrada como uma novela política”.

ESCOLHA DA TAÍS ARAÚJO. “Quando escrevo o livro, digo no final que se houvesse Vale Tudo hoje não seria coerente ter uma atriz branca. Porque era uma personagem do povo, simples. E vejo agora todo esse movimento com relação a colocar uma quantidade de atores diversos, e mostrar o Brasil como ele realmente é, que é uma tentativa da TV Globo. Falei isso na obra, que não imagino uma Raquel atual branca. Não tinha outra Raquel, acho que a Taís Araújo vai ser excelente”.

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ESCOLHAS ARRISCADAS. “Odete (Roitman), sendo a grande vilã que é, se for verossímil, será racista (no remake). E a escolha da Bella Campos foi arriscada (no papel de Maria de Fátima). Porque a Glória Pires é uma atriz branca e condizia com o perfil que a Odete aceitaria para a família. Então como será a entrada de Bella, que é uma atriz mestiça, parda? Não sei como vai ser. Tinha muita expectativa que seria uma atriz branca e seria maravilhoso, porque ela poderia esconder a origem, esconder a mãe”.

ODETE POLITICAMENTE CORRETA. “Hoje a Odete tem mais licença para ‘matar’, no sentido de falar os absurdos que ele falava, do que antigamente. Porque a gente tem uma extrema direita que não tem vergonha de expor seus preconceitos, de falar. Tem espaço para a Odete. Mas se ela for politicamente correta, não consigo imaginar. Ela vai ser outra, uma espinha dorsal totalmente diferente da novela como foi”.

Sobre o programa semanal da coluna GENTE. Quando: vai ao ar toda segunda-feira. Onde assistir: No canal da VEJA no Youtube, no streaming VEJA+ ou no canal VEJA GENTE no Spotify, na versão podcast. Este programa foi gravado diretamente do Casacor Rio, no shopping Fashion Mall, no espaço da arquiteta Ana Cano; produção de Patricia Def e captação de imagens de Adaga Midia Businness.



Fonte: Veja/Abril

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